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A Faixa de Ônibus Melhora a Vida do Passageiro? Uma Avaliação das Faixas Exclusivas de Ônibus na Cidade de São Paulo a partir da Velocidade de Deslocamento do Cidadão
Nome: João Akio Ribeiro Yamaguchi e Maria Alexandra Viegas Cortez da Cunha
Instituição: Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas (EAESP-FGV)
Tipo de Proposta: Apresentação (20 minutos, no plenário)
Título da Apresentação: A Faixa de Ônibus Melhora a Vida do Passageiro? Uma Avaliação das Faixas Exclusivas de Ônibus na Cidade de São Paulo a partir da Velocidade de Deslocamento do Cidadão
Eixo Temático: Avaliação de Políticas Públicas; Métodos de Simulação
Foco Principal da Apresentação: A apresentação terá um caráter majoritariamente técnico. Da perspectiva técnica, existe uma inovação na utilização de métodos quantitativos de simulação para avaliar políticas de transporte da perspectiva do usuário ao invés de se focar em uma avaliação em relação à infraestrutura de transporte. Assim, avaliamos a velocidade do cidadão, e não dos ônibus, antes e depois da implementação das faixas exclusivas. Isso tem relevância no debate de políticas públicas baseadas em evidências, uma vez que a racionalidade da metodologia pode ser replicada para outras iniciativas de avaliação de políticas por analistas ou cientistas de dados.
Adicionalmente, esta mudança de metodologia também revela resultados inéditos quanto ao real impacto das faixas exclusivas de ônibus na mobilidade urbana da cidade de São Paulo. Assim, os resultados da análise de dados são discutidos de uma perspectiva gerencial, ainda que com menos ênfase.
Fase do Trabalho a Ser Apresentado: Estudo de caso com resultados práticos. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção de grau de Bacharel em Administração Pública na EAESP-FGV em dezembro de 2017.
Descrição da Apresentação: Entre setembro de 2010 e setembro de 2017, segundo o Detran, o número de automóveis na cidade de São Paulo cresceu aproximadamente 23%, totalizando cerca de 8 milhões e meio de veículos. Já o número de passageiros transportados pelo transporte público via ônibus teve um leve declínio no período, indo de cerca de 249 milhões para 242 milhões de passageiros, de acordo com a SPTrans. Ainda, segundo a mesma instituição, a frota de ônibus acompanhou esse fenômeno, passando de cerca de 14,9 mil em setembro de 2010 para 14,4 mil em 2017. Esse contexto de obstáculos urbanos, portanto, impõe desafios de políticas públicas para a definição de estratégias de expansão e administração do transporte público municipal. Uma destas estratégias são as faixas exclusivas de ônibus, que teriam como objetivo tornar mais eficiente o transporte de passageiros, em uma perspectiva de frota limitada e alta demanda pelos cidadãos.
O objetivo do trabalho e da apresentação é avaliar o impacto, em termos de eficiência, das faixas exclusivas de ônibus construídas no município de São Paulo a partir de 2015. Para isso, foram elencadas as linhas em que pelo menos 20% de seu trecho são ocupadas pelas faixas, 45 linhas no total; foram comparados os períodos de março de 2015, pré-instalação das faixas, e 2017, pós-instalação. Os dados foram fornecidos pela SPTrans. Para a análise de dados foram utilizadas técnicas de análise de poder estatístico, cálculo numérico, simulação e estatística multivariada. A análise de dados teve o objetivo de comparar via simulações as velocidades médias das linhas ponderadas pelos horários de maior ou menor demanda. Comparou-se, portanto, as velocidades do cidadão nas linhas em dois períodos, pré e pós-instalação das faixas. Os resultados apontaram diferenças estatisticamente significantes entre os períodos (valor-p<0,01) com um tamanho de efeito baixo d=0,178. Comparações metodológicas acerca do uso da velocidade do cidadão ou do ônibus para a avaliação da política são realizadas. Por fim, o ganho de eficiência da linha e as implicações para o modo como o cidadão utiliza os serviços de mobilidade são discutidas.
A apresentação se focará na apresentação do estudo, de formar a explicar os detalhes técnicos e as implicações de gestão desta avaliação de políticas públicas.
Detalhes Técnicos da Apresentação: O objetivo da análise é fazer a comparação entre os dois anos, antes da implantação das faixas em 2015 e depois da implementação em 2017. Os procedimentos metodológicos se basearam na análise de amostras simuladas de velocidade para os dois períodos, ponderando pelos horários de maior demanda.
Os dados considerados para a análise, e fornecidos pela SPTrans, foram as médias de velocidade e demanda nas linhas selecionadas nos dois períodos por hora medidos pelo geolocalização dos ônibus nos dias uteis. A construção das funções foi realizada considerando a velocidade média ponderada pela demanda e a demanda diária total das linhas. Os softwares utilizados foram o Matlab, o R e o GPower. Assim, o método foi dividido em quatro etapas:
I) Análise de poder estatístico para definir o número de observações a serem simuladas;
Métodos e Parâmetros: Análise de poder a priori, utilizando o software GPower, para a realização de um teste de Mann-Whitney com poder α=0,95 e tamanho de efeito d=0,5.
II) Simular valores dos horários mais utilizados a partir de dados de demanda média;
Métodos e Parâmetros: método da transformada inversa e splines cúbicas interpoladores.
III) Simular valores de velocidade média baseado nos horários simulados anteriormente;
Métodos e Parâmetros: Splines cúbicas interpoladores.
IV) Utilizar métodos de estatística multivariada para analisar as duas amostras simuladas de velocidade média ponderada.
Métodos e parâmetros: Teste de Mann-Whitney para amostras pareadas. Foi adotada a convenção de valor-p<0,05 e foi calculado um tamanho de efeito d de Cohen.
A hipótese nula do trabalho é de que não existem diferenças estatisticamente significantes de velocidade média (ponderadas pelos horários em relação à demanda) nas linhas de ônibus selecionadas sem e com a implementação de faixas de ônibus. A hipótese alternativa é de que essas diferenças existem.
Mini-currículo:
João Akio Ribeiro Yamaguchi: Mestrando em Administração Pública e Governo na EAESP-FGV
Maria Alexandra Viegas Cortez da Cunha: Professora do Departamento de Informática e de Métodos Quantitativos aplicados à Administração na EAESP-FGV